26 de março de 2014

Porque há cidades que nos abraçam.











Roma - 2010

Há dias em que acordo com a sensação de estar aí. Ouço os comboios a passar atrás da Luigi Ceci e as ambulâncias a subir e a descer desenfreadamente a Circonvallazione Gianicolense. Quase que sinto os passos da vizinha de cima e o rádio sempre a tocar. Depois caio em mim e a nostalgia invade-me a realidade. 

Sinto-te a falta mais do que nunca. Sinto falta das tuas ruas, das tuas cores, dos teus cheiros e das tuas gentes. Sinto falta de todos aqueles pormenores que eu fingia serem só meus e em que mais ninguém reparava. Sinto falta de Trastevere, de serpentear o rio a caminho de casa. Sinto falta das tuas praças e da água das tuas fontes, que eu gosto de beber mesmo quando não tenho sede. Sinto falta do teu reboliço e da tua calma. Sinto falta da tua sabedoria eterna. Sinto falta dos teus conselhos sussurrados através de cada pedra, de cada estátua. Sinto falta do teu abraço - tu, que serás para sempre sinónimo de colo. A cada regresso retorno a casa, deixando-te um pouco do meu coração a cada partida.

2 comentários:

Merenwen disse...

O meu primeiro grande amor. E nunca mais a visitei desde o erasmus, acreditas! Talvez porque agora é quase mítica na minha cabeca e nao me quero desiludir. No entanto, falta das ambulância é que nao, era um barulho inacreditável!! :)
Será que o Rafaello ainda trabalha na della palma, casaco e com dois filhos, careca e gordo agora ?! :)

Mar* disse...

Eu também tinha esse receio, quando regressei em 2010. Apercebi-me, no entanto, assim que saí do comboio em Termini, que a magia permanecia intacta, que estava, de certo modo, a regressar a casa e que Roma será para sempre a minha cidade, aquela a que tentarei regressar sempre que possível.

Não vi o Hudini Raphaello na Della Palma, mas fiz-me exactamente a mesma pergunta - bons tempos, esses!

E sim, até das ambulâncias tenho saudades, apesar do barulho indescritível ;)