3 de março de 2014

Chocolate a la taza.



Todos os anos me pergunto por que razão ainda continuo a virar noites a contar estatuetas douradas, a conferir palpites e apostas, a comentar discursos e a fazer de conta que os Óscares são um big deal. O facto de gostar mesmo muito de cinema é um bom argumento. No entanto, e desde que me fui apercebendo do lado mais business da indústria cinematográfica, pondo um fim à minha inocência de espectadora infantil, esse argumento por si só parece não chegar, sobretudo quando sou tão crítica em relação a certas facetas de Hollywood, levando as pessoas a fazerem-me constantemente a mesma pergunta: então porque continuas a perder horas de sono?
Masoquismo poderá ser uma das respostas. A emoção de ver um espectáculo em directo, aquela adrenalina boa do ver acontecer, o saber tudo em primeira mão, também é tudo verdade. O estar sempre à espera que a qualidade do espectáculo em si melhore, que se superem, que fujam à mesmice de sempre. A oportunidade de ver os actores e as actrizes que mais me tocam num contexto diferente, despidos das personagens. Até mesmo para admirar um ou outro vestido, que faz tudo parte do espectáculo em si. 
Esta madrugada, enroscada no sofá a beber chá e a comer bolachas de aveia, chocolates e estrelitas como se fossem amendoins, ouvindo os comentários da cinéfila ao meu lado, lembrei-me da época em que assistia aos Óscares com o meu avô - e às vezes a minha mãe, quase sempre em período de férias de Carnaval, invariavelmente com uma caneca de chocolate quente na mão, feito com umas tabletes compradas nas Paquitas, em Alcañices. A avó Aninhas chamava-nos malucos e advertia-nos para as consequências de uma cozinha desarrumada pela manhã. Nós tínhamos uma das melhores noites do ano, discutindo de forma acalorada as nossas preferências, comigo a repetir que injustiça, avô, várias vezes madrugada fora. 
A recordação do sonho, o imaginário infindável, as imagens em movimento, as histórias, as personagens, as emoções, a eterna magia - é por tudo isto que continuo a ver a cerimónia, ano após ano, desde 1992. 

Somewhere over the rainbow
Way up high there's a land I heard of once in a lullaby
Somewhere over the rainbow
Skies are blue
And the dreams that you dare to dream
Really do come true

Someday I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me
Where troubles melt like lemon drops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me 

Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly
Birds fly over the rainbow
Why then oh why can't I?

If happy little bluebirds fly
Beyond the rainbow why oh why can't I?

Sem comentários: